28 março, 2011

"Em seus olhos era possível ver que aquele homem não tardaria a morrer. Praticamente não se podia distinguir sinais de vida em seu corpo. Só restavam nele as ruínas frágeis e minúsculas de uma existência. Seu corpo parecia uma velha casa que, removidos todos os móveis e acessórios, aguarda apenas a demolição. Ao redor dos lábios ressecados, pêlos de barba desapontavam como erva daninha. Refleti sobre o fato da barba continuar a crescer mesmo em um homem cuja vida estava chegando ao fim".

(Toru Watanabe em Norwegian Wood - Haruki Murakami)

Assim como cabelos negros e unhas continuavam a crescer, tudo isso só faz sentido com o tic do relógio a frente e o pi do monitor cardíaco à esquerda. Somente.

12 janeiro, 2011

Espaço
Um ano novo chega, mais um post também, mas nem vou falar sobre sonhos e responsabilidades que se escondem por detrás das cortinas, mas de descanso, um pouco de medo e também felicidade que passaram por aqui nesses dias de formalidades, de festas e de férias.

Um lugar que permite ver o céu de ponta a ponta, sem verticalidade urbana e a possibilidade ali, diante dos olhos, a contemplar um céu multicolorido após as 19hs. Porque lá nunca é tarde, é atemporal onde os ponteiros mais parecem arrastar arados com o gado.

Lá fora, um mato que gruda nas calças mas que no fim do dia você nem se importa. Uma terra morena que floresce qualquer caroço esquecido por pássaros. Coisa besta assim de turista com olhar de criança em ver animais que não estejam por detrás de jaulas, assim soltos, assim livres.
A provar frutas do cerrado colhidas com as próprias mãos com medo ao lembrar de quando criança, a mãe não deixava colocar qualquer coisa assim na boca. Crianças assim criadas nos corredores de supermercados e sabonetes e lavabos.

Só se é livre quem faz da mente quadrada de um paulistano que só sabe pisar no asfalto fervilhando um contemplar mais apurado. Pois existem outras belezas além da janela do 21° andar.

Religião
Como sempre cita uma amiga minha "...Cicatrizes nos lembram aonde estivemos, mas não determinam para onde vamos..."
E fez-se um rasgo no meu peito.
Nunca é cedo pra levar tapa na cara mas nunca é tarde pra voltar pra casa com as malas maiores. Livre-arbítrio certo?

Parafina, whisky, senhora dos pássaros com dedos-longos-de-moça, "portão de ferro e cadeado de madeira...".

Agora eu me tranquei. E só sei que ainda existem pessoas boas. E quem eu amo foi criado por elas.

19 novembro, 2010

O dia acabou e fica aquele gosto amargo e uma sensação estranha. O (in)esperado na linha tênue entre felicidade e decepção.

20 junho, 2010

"Muitos confundem os métodos com as técnicas, sem perceber que os métodos servem para o pensar e o planejar e as técnicas servem para o fazer". - Rodolfo Fuentes. A técnica ou o domínio de um software ilude seus usuários, sem tornar os seus resultados produtos do design. Design é fundamentalmente respostas às indagações ou às necessidades da sociedade, e estas respostas só são verdadeiras quando desenvolvidas com métodos e desígnios e não baseados num toque mágico ou em súbita inspiração. Transformar uma idéia em design requer conhecimento e muito trabalho.

18 junho, 2010

Tomando um ar

Faz mais ou menos uns 3 meses que eu não faço um post real, assim, digno de tomar alguns minutinhos da minha atenção e me colocar a escrever. Isso se chama, projeto de conclusão de curso.
Desde que o ano começou e eu me afundei nos estudos, o tempo pra se dedicar a algum canto que posso chamar de meu foi bem curto.
Hoje, no meu oficial 1° dia de "férias" decidi falar um pouco sobre meus últimos meses, a visão e os preparativos para o próximo semestre.
A começar, como alguns sabem, o meu TGI (ViverCidade) tem como recorte "A Poética do Caos". Será uma análise da qualidade visual da cidade, o estado de ordem e desordem em que o sistema de uma metrópole, como São Paulo, se encontra e como os indíviduos que nele vivem, interagem e modificam a cada ação, cada energia gerada. Com base de tudo, isso é Entropia. As metrópoles cada vez mais, se encontram num estado agudo de entropia.
A nossa proposta é relatar esses constrastes com a linguagem fotográfica e interferir graficamente, proporcionando uma experiência visual tanto no livro, como no vídeo e no hot site, que serão as linhas produzidas.

Esse tempo de pesquisa foi uma experiência e tanto. A importância na leitura, no embasamento, nas justificativas que todo bom projeto de design deve(ria) ter.

Admito que confio muito no meu trabalho e na minha capacidade de coordenar um grupo com mais 3 integrantes. Por conta disso me sobrecarreguei.
Ter responsabilidade na mistura de, muitas vezes, subestimar a capacidade de outrém, eu realmente me sobrecarreguei. Mas ver as turmas do 8° semestre num lugar onde estaremos daqui uns meses, fez com que todos - inclusive eu - tomassem uma chocalhada pra acordar e despertar o espírito literário e criativo que vagava preguiçoso por dentro.

Enfim, a pré monografia foi entregue e as correções nessa última quinta-feira foi um alívio de que o projeto está bem direcionado, faltando um pouco mais de embasamento ali e normas aqui. Não foi exatamente o 10 que toda aluna metódica sonha, mas levando em consideração a exigência da minha orientadora e de que a metade da sala ficou de exame, creio que um 8 foi mais que um alívio.

Mas além de toda responsabilidade que carreguei nas noites em claro, com ansiedade e trabalho árduo, eu ainda tive minhas experiências no meu atual estágio.
Ah essa área! Ah o Design! Me traz mais e mais ânsia de boas ideias ao mesmo tempo que "buga" o cérebro com a cobrança de si e de outrém.

Enfim, queria muito viajar, mas o dever me chama por entre as ruas dessa cidade que eu tanto amo. E nada mais gratificante do que entrar no meu último semestre universitário com uma bagagem e um entusiasmo e tanto pra esse projeto que eu mal posso esperar pra começar, de fato.

01 maio, 2010

A maioria dos dias do ano são comuns. Eles começam e terminam, sem nenhuma memória durável nesse tempo.
A maioria dos dias não tem impacto no decorrer da vida.

1 de maio era uma quinta-feira.

16 abril, 2010

Estamos acostumados a só ver aquilo que é dinâmico, que se agita ante nossos olhos, que acontece. É disso que trata a foto jornalística. E quando nada, aparentemente, está acontecendo? O vento soprando nas ároves ou uma mulher que levanta a mão, com graça, como se fosse soltar um balão. Aí não se vê nada. Mas, de fato, está acontecendo. Essas cenas são delicadas demais ou grandiosas demais para ficarem impressas na retina habituada só ao que é passageiro. São cenas praticamente imperceptíveis a expressão num olhar, um jeito de andar ou uma luz particular incidindo sobre as montanhas.

Nelson Brissac, Paisagens Urbanas

02 abril, 2010

Fotografia #5


Praia dos sonhos [mar/2010]
S90+Lightroom+PSD CS4

16 março, 2010


Itanhaém-SP / 2010


Vontade de ir pra i, prainha
Vontade de ficar na minha
Onde o sol à tardinha se esconde
Onde a noite escura nem é
Onde o mar vem lavar o meu pé
Onde só não me sinto sozinha

02 março, 2010

TGI feelings

Último ano da faculdade é sinônimo de conhecimento, experiência, conclusão, noites em claro regadas à café, vida social nula, resultado do casamento com os integrantes do TGI - Trabalho de Graduação Interdisciplinar.

O tema do TGI pra turma do 7o/8o semestre 2010 de Design gráfico da FMU será:
ViverCidade
O que a cidade traz para nós e o que o design pode trazer para a cidade
Tema abrangente que só houve uma luz no fim do banho, digo, uma luz nas observações desta insana cidade que eu tanto amo, São Paulo, juntamente com o inicio de pesquisas sobre a entropia, o progresso, a destruição e comunicação para o recorte de tema: Poética do caos através da fotografia

As repetidas ações do ser humano no dia a dia, que faz a cidade gerar seu sistema é uma maneira energética de evolução, assim, ocasionando o caos dentro de seus meios. Mas o caos faz parte do equilibrio da humanidade.
Pelo excesso da informação existe a necessidade do homem de se desligar do mundo lá fora, quando na verdade o que está lá fora é o resultado do seu esforço.

O projeto se baseia em retratos da cidade de São Paulo. O que é, o que foi, e o que será afetado por esse meio energético da sua evolução e o equílibrio que gera do seu próprio caos, de maneira poética através do olhar fotográfico, fazendo com que o receptor, (re)conheça um pedaço da capital, que muitas passa despercebido pela correria, ou será irreconhecível pelas intervenções digitais.

É prematuro dizer sobre o produto final, pois só (só?) estamos à 8 meses da entrega. Mas muito provável que isso tudo possa resultar em peças gráficas expostas por uma curadoria ou um livro específico. Mas enfim, a idéia é esta, e a jornada começa agora...