25 outubro, 2008

noBody's perfect

Corpo
Essa matéria de uma natureza quase morta que até então nos sustenta aqui sob visões delimitadas, é o que acaba criando discussões fúteis, ou melhor, direciona as coisas de maneira fútil.
Maquiagens que impedem a respiração; entupindo os poros; putrefando mentes e seus modos; causando dissoluções nos ideais e na auto estima; julgando espelhos e furtando inocências.

Abra uma revista feminina e lá estão imagens e diagramas em como ter uma cinturinha fina; Como bronzear e tornear as pernas para o verão; Decotes para valorizar seus volumosos seios (...)
Abra uma revista masculina e lá estão mais imagens editadas, transformando mulheres em plasticidade e fantasia apetitosa num top 10 de beldades.
O mesmo vale para os estereótipos masculinos, mas acredito que a mulher é sempre mais afetada com esse tipo de "exigências" que giram em torno dos dois mundos.
(...)corpo, boa forma, beleza, dietas miraculosas(...) são os príncipais temas abordados nos maiores veículos da comunicação e do marketing.
Agora, eis as questões: Que beleza é essa da qual tanto falam? Qual a melhor forma? Um corpo só é aceito e notado quando se encaixa em padrões estabelecidos? E as comparações? Existirá sempre um novo estereótipo, com aspectos delimitados?

Claro que as diferenças culturais tem o poder de estabelecer determinados pontos para distinção e reconhecimento. E que a estética acaba se tornando uma teoria do gosto, de experiências, bem pessoal. Mas isso é bem diferente da imagem que construimos por influências.

E confesso, tem horas que me sinto diminuta à tudo isso, mas me calo.
Não faço apologia à desleixo. Porque manter o corpo sanado não é sinônimo de sarado. E ser saudável está bem longe de toda essa obsessão.
Sem falar que as discrepâncias e comparações muitas vezes se tornam o incômodo alheio. Já vi, muitas vezes, a importancia que as pessoas dão ao corpo alheio quando na verdade esquecem do tempo gasto, sem saber que a conta no médico ficará bem alta com essa falta de importancia que ela dá pro seu próprio corpo e na maior parte das vezes, pro seu caráter.

Isso tudo faz do corpo uma penitência. Um aspecto que corrompe à maior parte, senão, toda.
Uma violação, que arranca de nós as escolhas e a aceitação. Cada pedaço de ninguém que ninguém quer mudar. E eu, não quero mudar nada aqui, só quero mudar tudo lá.

Goste ou não, meu corpo e o seu nunca serão perfeitos, mesmo porque a perfeição não existe. E um dia essa matéria morrerá, e não haverão toxinas que possam recuperar todo esforço de uma vida leviana.

11 outubro, 2008

Murakami #2

- Deve dançar - disse o homem carneiro. - Enquanto a música estiver tocando, você deve continaur a dançar. Entende o que quero dizer? DANÇAR, CONTINUAR DANÇANDO. Não deve pensar no motivo e nem no sentido disso, pois eles praticamente não existem. Se ficar pensando nessas coisas, seu pé ficará imóvel. Uma vez parado, já não serei capaz de agir. Já não restará nenhuma conexão com você. VAI SE ACABAR PARA SEMPRE, ENTENDEU? Daí, só lhe restará viver unicamente neste mundo. Cada vez mais será sugado para ele. Por isso, não deve parar de mover os pés. Por mais que lhe pareça uma tolice, não deve ligar. Deve continiar dançando, dando os passos. Deve ir amolecendo, mesmo que aos poucos, tudo o que estava completamente rígido. Ainda deve haver algo que não esteja perdido. Use tudo que puder usar. Dê o máximo de sí. Não há o que temer. Você deve estar mesmo cansado. Cansado e com medo. Qualquer pessoa passa por esses momentos. Sente que tudo está errado. Por isso ficam inertes.
Ergui os olhos e fiquei olhando a sombra na parede.
- Só lhe resta dançar - continuou o homem-carneiro. - E dançar de modo exemplar. A ponto de todos ficarem admirados. Pois, assim, talvez eu consiga ajuda-lo. Por isso, dance enquanto a música estiver tocando.
DANCE ENQUANTO A MÚSICA ESTIVER TOCANDO!!!

Do livro Dance, dance, dance - Haruki Murakami