27 janeiro, 2010

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Eu aqui nessa virtualidade, me sinto subindo naqueles palcos iluminados por refletores com fios desencapados, dizendo "alô" e ziiim, a microfonia causando incômodo em quem quer que esteja presente, nessa platéia espreitada dessa nossa vida.
Queria recitar nesse palco um poema bonitinho, daqueles de tirar suspiro quando eu dissesse "fim", sem ser o fim na verdade.
Bem, o pouco da lucidez que me resta depois de um exausto dia de embaraços, eu só queria dizer uma coisa, ou melhor, eu só queria escrever uma coisa, o tempo é relativo. E ao lado dele, o tempo decola pra bem longe sem qualquer vestígio de passado. E quando longe estamos, é, ficamos a contar os dias, confundindo as estrelas e as fases da sra. Lua.
Um ano e meio, dez letras, ou diversos dias passados num calendário velho, que não são capazes de contar toda e qualquer história, essa nossa doce vivida história, que não dura apenas com olhares, com abraços e beijos à meia-noite, mas que também sustenta-se do silêncio, do beijo na fronte, que por alguma razão, significa respeito, acrescentado de paciência e dedicação.
Das mãos dadas debaixo de Sol e tempestade, dos risos e lágrimas através das linhas, sempre estarei nessa cidade, amando nesse coração.

21 janeiro, 2010

-Às vezes, sonho que estou caindo. Começo a correr bem rápido, como um super-humano. O chão começa a ficar rochoso, corro tão rápido que não toco mais o chão. Eu flutuo. É um sentimento incrível.
- Parece maravilhoso.
- Estou livre, salva. Então, eu percebo... que estou completamente sozinha. E então, eu acordo.

Enquanto ouvia, Tom percebeu que essas histórias não eram contadas sempre. Era preciso merecê-las. Ele sentia a parede caindo.
Se perguntava se alguém já havia chegado até aqui.

Por isso, as próximas cinco palavras mudaram tudo.

-Nunca contei isso para ninguém.
-Acho que não sou qualquer um.

500 days of Summer

07 janeiro, 2010

Mar branco ou brando

“Com o andar dos tempos mais as atividades da convivência e as trocas genéticas, acabámos por meter a consciência na cor do sangue e no sal das lágrimas, e, como se tanto fosse pouco, fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca.”

Saramago - Ensaio sobre a cegueira