Um dia pode ser ditado apenas como ponteiros sem pressa ou como uma marcação em tinta azul num calendário, evidênciando o passado distante e o futuro reduzido. Mas a lembrança de uma contagem, o início de uma história, de todas as coisas preservadas como se estivessem em caixas sobre o armário, é o que marca esse dia com um círculo vermelho de caneta piloto. É toda essa planificação categórica para com os detalhes que nos rendem; em papéis amassados; em aromas característicos; no desalinho das horas; na espera que corrompe menos e te leva à janela; sem falar sobre pieguices contidas.
Mas depois de tudo, palavras são apenas palavras, planos são apenas planos. Porque no fim, quando não há papéis rabiscados e o espaço já não é mais suficiente aqui, tudo transborda ao ouvir sua voz, me tornando numa criança muda num balanço que pára no mais alto ponto. E das pieguices contidas é que falta ar e coragem pra atirá-las como pedra à sua frente. Talvez porque essa distância já me consumiu, e ainda assim eu já não tenho mais pressa, pois não preciso dela pra saber o que corre por aí, todo esse querer e essa vaidade.
Hoje, só há uma necessidade, de um olhar lançado, na iminência de que ele voltou pra casa.
24 julho, 2008
17 julho, 2008
Uma conversa só minha
Pela manhã, lá estava ela. E da cama me levantei, enquanto o chuveiro já estava ligado, se não tomo cuidado me perco quando olho no espelho, pois já não pareço ela. Ofereci café, mas recusei. Esperamos o almoço. Enquanto lançava planos categóricos pro dia, eu já me afundava em enfado. Não quis acompanhar-me e nem ajudar na escolha das filas, mas me aguardou sentada na sacada, com uma sarda à mais sob o Sol. E entre quatro paredes brancas, abro armário com blusas jogadas e amanhecidas por ela; empilho uma à uma enquanto tira e joga as meias, colocando os pés no tapete de canto; sentadas em uma cama sobre a outra, disputando o lado esquerdo, é que revelou uma conversa sobre nós; rimos da semana passada e sobre amores tolos; e concordamos que aos quinze era apenas uma garota, enquanto contava as marcas de diferentes tonalidades na pele, já não se sabe qual o grau de primaveras feridas, mas que resquicios foram suficientes pra tornar-nos justas. Resolvemos não ligar o som, pois o silêncio era evidente depois das 23hs, suficiente pra encontrarmos algo só nosso e com medo de perder o som dos sonhos. Com os pés virados pro mural, me encontrei em fotos; em grupo, em pé, sentadas, num canto, sozinha, sorrindo, de óculos escuros, com bordas, preto e branco, e ela. E com a câmera na mão é que faço um auto retrato de uma visão, da nossa visão: da maneira como o mundo lá fora reage aqui dentro, dos amigos que foram e que serão, dos inimigos, do erro cometido semana passada e do acerto no ano que vem.
Ela se sente bela, apesar de uns quilos à mais, e eu numa espera. Eu sou ela, e ela sou eu mesma por mim. É só quando me encontro com ela que eu me encontro também.
Ela se sente bela, apesar de uns quilos à mais, e eu numa espera. Eu sou ela, e ela sou eu mesma por mim. É só quando me encontro com ela que eu me encontro também.
14 julho, 2008
Reatando laços
Preservar uma amizade é o que há de melhor, mas quando somos tolos, deixamos as areias escorrerem pelos vãos das mãos. E o pior, é perdê-la por absolutamente nada; sem culpados ou palavras jogadas ao vento.
Apesar de endurecida, eu acabo por voltar à um ponto sem fim. E depois de 8 anos, tudo conspirou para que a dissolução da incerteza do que poderia ter sido, se não tivesse tentado em reatar laços. E aquela velha história de não deixar com que coisas insolúveis tomem conta de você e de seus atos.
Hoje, foi como o fim de uma missão; gratificante, mesmo sabendo que o telefone não irá tocar.
Apesar de endurecida, eu acabo por voltar à um ponto sem fim. E depois de 8 anos, tudo conspirou para que a dissolução da incerteza do que poderia ter sido, se não tivesse tentado em reatar laços. E aquela velha história de não deixar com que coisas insolúveis tomem conta de você e de seus atos.
Hoje, foi como o fim de uma missão; gratificante, mesmo sabendo que o telefone não irá tocar.
10 julho, 2008
Saturada num mercado saturado
Já se sentiu como grão de areia comparado à um rochedo? Bem vindo ao meu dia.
É quando você sente que não está contribuindo com o que gostaria, fazendo apenas parte de uma parcela da massa. O quanto essa massa pode tomar conta dos seus pés?
Sobre Universidades públicas e particulares reconhecidas, eu já não sei mais que opinião tenho. Antes me convencia quando as pessoas diziam que, quem faz o profissional, o curso e a universidade, não é o sistema de ensino ou a quantia de um boleto, mas sim, o estudante. É claro, que em tese, isso é algo a ser levado em conta, e ter exemplos reais de que essa afirmação é muito mais reconhecível e promissora aos olhos de quem está apenas começando, isso também é levado muito em conta. Mas nada disso é um fato quando se trata da prática. E meu curso exige mão na massa. Estar habilitado no que existe de mais novo. Além dos inúmeros segmentos que se põem como cartas à escolher. E vejo a discrepancia e o peso que isso toma na hora de concorrer no mercado saturado, onde uma vaga de designer é oferecida à um publicitário ou até à um micreiro da esquina. Qual a referência que uma empresa assim tem? Sem falar de experiência; Pra que se tenha, é preciso oportunidade, mas hoje pra uma oportunidade, exigi-se tê-la. Contraditório e concreto fator que impede o aprendizado, maturidade e estabilidade profissional. Basicamente, é uma somatória de fatores deficientes que acaba dificultando nesse ingresso.
Além de ser difícil estudar tarde dentro do cronograma da sociedade, é mais difícil ainda, o fato de concorrentes mais novos já estarem num patamar muito acima. Eu posso fingir que isso não me aflige, mas o fato é que cada vez mais, isso está pesando.
Não é por falta de candidatar-me, correr atrás, tentar. Só que esse cansaço acaba por deixar dúvidas.
Qual outro caminho tentar antes que seja tarde?
____________________________________________
Esse texto foi escrito às 14hs. Duas horas depois eu recebi uma proposta pra participar de um processo seletivo na segunda-feira.
Bem, tenho alguns dias pra rever a auto confiança, a imagem, o curriculo, o portfólio e o senso de convencimento. Porque num processo como esse, é apenas isso que você tem nas mãos.
É quando você sente que não está contribuindo com o que gostaria, fazendo apenas parte de uma parcela da massa. O quanto essa massa pode tomar conta dos seus pés?
Sobre Universidades públicas e particulares reconhecidas, eu já não sei mais que opinião tenho. Antes me convencia quando as pessoas diziam que, quem faz o profissional, o curso e a universidade, não é o sistema de ensino ou a quantia de um boleto, mas sim, o estudante. É claro, que em tese, isso é algo a ser levado em conta, e ter exemplos reais de que essa afirmação é muito mais reconhecível e promissora aos olhos de quem está apenas começando, isso também é levado muito em conta. Mas nada disso é um fato quando se trata da prática. E meu curso exige mão na massa. Estar habilitado no que existe de mais novo. Além dos inúmeros segmentos que se põem como cartas à escolher. E vejo a discrepancia e o peso que isso toma na hora de concorrer no mercado saturado, onde uma vaga de designer é oferecida à um publicitário ou até à um micreiro da esquina. Qual a referência que uma empresa assim tem? Sem falar de experiência; Pra que se tenha, é preciso oportunidade, mas hoje pra uma oportunidade, exigi-se tê-la. Contraditório e concreto fator que impede o aprendizado, maturidade e estabilidade profissional. Basicamente, é uma somatória de fatores deficientes que acaba dificultando nesse ingresso.
Além de ser difícil estudar tarde dentro do cronograma da sociedade, é mais difícil ainda, o fato de concorrentes mais novos já estarem num patamar muito acima. Eu posso fingir que isso não me aflige, mas o fato é que cada vez mais, isso está pesando.
Não é por falta de candidatar-me, correr atrás, tentar. Só que esse cansaço acaba por deixar dúvidas.
Qual outro caminho tentar antes que seja tarde?
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Esse texto foi escrito às 14hs. Duas horas depois eu recebi uma proposta pra participar de um processo seletivo na segunda-feira.
Bem, tenho alguns dias pra rever a auto confiança, a imagem, o curriculo, o portfólio e o senso de convencimento. Porque num processo como esse, é apenas isso que você tem nas mãos.
09 julho, 2008
Feriado
As unhas estão, roxas, mesmo depois de um banho quente. Pela temperatura das extremidades, por ora chego à acreditar que esteja morta, ou assim quisesse usar como artíficio e esquecer que existe uma disfunção no sistema circulatório. Mas logo colocar a mão sobre duas cicatrizes, acaba provando o contrário.
Amanhã, ou melhor, hoje, é feriado pra muitos. Pra falar a verdade eu não sei do que ou porquê, e não faz tanta diferença quando você faz parte de uma massa ociosa; talvez você se encarregue apenas de entrar no ritmo alheio. O que faz a diferença é o que faz você sair da cama amarrotada, do quarto invadido pela luz e conversas aleatórias, do chuveiro quente, da casa vazia. Isso é apenas uma pequena parcela do que já se sabe sobre o inevitável.
Amanhã, ou melhor, hoje, é feriado pra muitos. Pra falar a verdade eu não sei do que ou porquê, e não faz tanta diferença quando você faz parte de uma massa ociosa; talvez você se encarregue apenas de entrar no ritmo alheio. O que faz a diferença é o que faz você sair da cama amarrotada, do quarto invadido pela luz e conversas aleatórias, do chuveiro quente, da casa vazia. Isso é apenas uma pequena parcela do que já se sabe sobre o inevitável.
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