O quarto passa a ser sempre o único lugar que nos mantém ímpar de qualquer coisa externa que atinja o peito, ou que nos lança em corredores de circunstâncias e portas de escolhas, mas nem sempre o quarto tem cheiro de casa.
O quarto é o que nos equilibra sobre a tênue linha entre a razão e os sonhos, mas as vezes queremos que ambos estejam presentes nesse quarto, tecendo as cortinas que permitem entrar um ar menos imundo.
Nesse mundo, haverá sempre dois mundos, ou melhor, haverá sempre quartos com portas, abrindo e fechando, misturando o ar dos sonhos com a realidade.
E nos bons momentos existe sempre um cheiro característico de algum cômodo. Mas é nos ombros que se sente o cheiro de casa; quando o atormento bate à porta e sorrateiramente adentra pelos vãos das barreiras, misturados às particulas de pó, furtando a inôcencia e lubrificando os olhos com as mais limpidas lágrimas.
O cheiro de lar sobre o ombro de quem ama é onde se encontra o fôlego pra esse ar rarefeito, nos tornando menos imperfeitos, diminutos, fatigados com esse mundo, prontos pra fechar portas e abrir janelas.
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