(...)"Daqui a cem anos, as mulheres terão deixado de ser o sexo fraco. Eliminem essa proteção, exponham-nas aos mesmos exercícios e atividades, façam-nas soldados, marinheiros e motoristas e estivadores, e as mulheres não morrerão tão jovens e tão rapidamente, de modo que os homens possam dizer - Vi uma mulher, como era o hábito dizerem: - Vi um avião. Tudo pode acontecer, quando as mulheres deixarem de ser "protegidas".
(...)"Constituí um quebra-cabeças insolúvel o fato de nenhuma mulher ter escrito uma palavra que fosse dessa brilhante literatura ao passo que, segundo parece, todos os homens eram capazes de compor canções ou sonetos. Interroguei-me sobre as condições em que as mulheres viviam; porque a ficção, na sua qualidade imaginativa, não cai como uma pedra no chão, à semelhança da ciência; a ficão parece-se com uma teia de aranhas, ligada, ainda que por delgados fios, à vida. Por vezes, essa ligação torna-se impreceptível; as obras de Shakespeare, por exemplo, dão a idéia de estarem suspensas. Contudo, sempre que se puxa a teia, presa numa das pontas, e por rota que esteja no meio, vem à memória que estas teias não são tecidas no ar, por criaturas incorpóreas, mas resultam do trabalho de seres humanos sofredores, e estão interligadas a coisas extremamente materiais, como a saúde, o dinheiro e as casas onde vivemos".
Um quarto que seja seu - Virginia Woolf
Isso torna fina a linha das diferenças quando se trata da mesma espécie? Ou apenas mulheres possuem tenuidade para sentir essas linhas virarem ásperas cordas em volta de seus pescoços?
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