31 dezembro, 2008

[ e s p a ç o ]

"Valorize aquilo que não pode ser verbalizado. Isso é ter consideração pelos que estão mortos. O tempo elucidará muita coisa. O que deve restar, restará, e o que não deve não permanecerá. O tempo resolve a maior parte das coisas. Você deve resolver o que o tempo não resolve"

"Tudo, um dia, deixará de existir. Todos nós vivemos em constante transformação. Um dia, quase tudo que existe ao nosso redor irá desaparecer com as nossas atitudes. Isso não tem jeito. Quando chegar a hora, irá sumir. Enquanto não chegar a hora, continuará existindo."
- Haruki Murakami


Parte dos meus amigos conheci pela dor, e de uma maneira ou de outra, nos afastamos pelo amor, pelo tempo, pela distância ou pelo resto de consequências que a vida nos impõe; de papéis desempenhados que a sociedade capitalista tomou o direito de classificar, fazendo com que você se sinta diminuto, vazio, quando não se encaixa em nada, quando não cumpre as regras, ou não tenha um esboço num bloco amarelado.
Sinto-me conformada com os caminhos tomados, e sempre espero por mudanças. Mas é bem difícil admiti-las quando se ouve falar em rumos prematuros.
Hoje, me vejo distante de boa parte do que vivi, do que acreditava - quando apenas ouvia histórias - na perfeição das coisas, num diagrama, pronto pra ser conquistado.
Hoje, o antigo sonho se encontra fragmentado e embaralhado, mas ainda assim, consigo discernir a distancia e a realidade (im)perfeita das coisas e do que eu ainda devo manter, pra não morrer um pouco a cada dia.

Talvez, isso tudo seja apenas um lamento, dos corpos que se distanciaram, do fim que se aproxima, da inevitabilidade... Mais um ano que se encerra; mais um ciclo; mais uma janela que se fecha, interrompendo o vão que foi gasto com o tempo e com as consequências da palavra proferida ou das malas feitas no meio da madrugada.

Faço julgamento das últimas ações e consequências que me faz permanecer no mesmo lugar, tentando evitar ser tragada pelo tempo precocemente. E não há nada neste mundo que seja imutável, mas não há como não sentir-se inerte, quando sua lista de resoluções passadas não foram riscadas com tinta vermelha.

Poderia usar todo esse vômito para encerrar o ano e tentar basear-me em resoluções para o próximo, como uma muleta emocional, acreditando na renovação, em que as coisas serão mutáveis ou recuperadas. Mas sei que nem a metade do meu esboço seria concluido. E mesmo que tento privar-me da auto decepção, ainda assim, mesmo com todo esse atropelo de sentimentos em letras do que foi vivido, providencio minhas malas. O pouco do "eu" que me resta pra mudar, antes mesmo do ano acabar.

Mas, somente uma coisa eu tenho certeza para o próximo ano, meu coração permanecerá no mesmo lugar.

Um comentário:

Anônimo disse...

me parece melhor não ter resoluções...
ao inves disso, prefiro ser oportunista, no bom sentido...
vou indo e pego as oportunidades q aparecem na minha frente, e vambora \o/
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