20 junho, 2008

A Porta



Pele, a única superficialidade existente entre nós, sobre ela os dedos delineiam os contornos; e os gestos substituem o silêncio da boca, das pupilas dilatadas com reflexos da luz externa, e de todas as coisas trancadas egoistamente em um corpo pulsante de anseios. Essa dificuldade em respirar ao construir um plano pra cada palavra a ser proferida, de maneira que elas sejam passadas verdadeiramente sem manchas; emoldurando o quadro pintado exclusivamente para a exposição.

Porta - está aberta; enquanto o mundo não pára, o meu mundo gira em torno dela.
E essa semelhança na deformidade acaba por invadir os corredores das nossas almas como furacões, desconcertando as paredes que a pouco foram levantadas.
Disfarçava receios na descoberta do caminho, que à principio era escuro; hoje, permeio seguindo as batidas desenfreadas do coração, e que já não tem mais volta, pois já estou parada na porta, à um passo do abismo evidente.

As areias correm em seu tempo, mas ainda que haja tempo, não quero vê-lo passar.
E quando o íntimo permitir, entre e tranque a porta.

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